domingo, 19 de abril de 2009

A música como meio de vida

Marina Rabelo

Alexandre Saad, o Guti, consegue conciliar sua carreira de dentista com a de apresentador de TV, diretor de colégio e músico (cantor, compositor e violeiro) diz ser loucura viver apenas de música aqui em Uberaba. “Cultura, em hipótese nenhuma, você tem que tentar viver exclusivamente dela, mesmo porque cultura é uma forma que você tem de expor o que você vive em outras situações, então, até pra criação, é bom que você faça outra coisa”, opina Guti. Ele diz ainda que cantores famosos normalmente se sustentam pela lenda do que eles fizeram no princípio, depois deixam de produzir. Depois que ficam ricos, acabam montando outras atividades. “O Almir Sater, por exemplo, trabalha na fazenda que ele comprou com o dinheiro do sucesso que ele fez, e olha que ele ainda faz.”

Fernando Borges, músico e professor de música (violão e guitarra), diz não se imaginar fazendo outra coisa. Mas confessa ter que tocar de tudo para conseguir viver bem. Ele é freelancer em banda de dupla sertaneja, toca em banda de baile e também faz parte de uma formação chamada “Maria Vitrola”. Nessa formação ele toca “New Bossa” junto com a namorada Daniela Daia (vocal), Ricardinho (baixo) e o DJ Nenê. Toca MPB, também com Daniela, nos barzinhos da cidade, além de tocar o tradicional Jazz de segunda-feira no Archimedes. “Tô feliz demais. Não troco minha profissão por nada. Eu passo raiva, mas tenho que fazer as concessões, né?“, conclui Fernando.

Douglas de Oliveira, músico e funcionário público, diz que a partir do ano que vem pretende viver apenas de música. Gosta de violão e guitarra. Toca MPB de vez em quando, blues e rock. Canta também. Mas não esconde que sua paixão mesmo é fazer Rock’n Roll com sua banda. Quando eu perguntei se ele largaria o emprego de funcionário público pra trabalhar só com música aqui em Uberaba, Douglas já foi logo dizendo que está planejando mudar de cidade no final do ano. “Não pretendo ser rico, quero ter uma grana que dê pra eu viver legal”, afirma Douglas.

Comportamento MusicalAo comparar o comportamento das pessoas que ouvem MPB com pessoas que ouvem música sertaneja, Regina Maria Gonçalves, proprietária do MPBeco, percebe uma grande diferença. “As que saem para ouvir o sertanejo fazem muita baderna, arruaça, cantam muito alto, atrapalham as outras mesas”, avalia.

Mas as opiniões divergem. Em conversa com o músico, Fernando Borges me surpreende ao comparar o comportamento das tribos que ouvem o sertanejo, com o comportamento das que ouvem o Jazz. “Acho que o público do sertanejo é mais atencioso. As pessoas saem de casa e falam pra todo mundo que vão ouvir Jazz, porque é chique! Fazem cara de pseudo-intelectuais e tá tudo certo! Ou caem aqui de pára-quedas, não sabem o que está acontecendo, e ficam pedindo pra abaixar o volume. Já o pessoal que vai pro sertão não, eles vão pra ouvir aquilo lá, eles vão pra dançar aquele tipo de música”, conta Fernando.

Fonte:http://www.revelacaoonline.uniube.br/2008/343/musicaparatodos2.html

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