domingo, 19 de abril de 2009

A"música instrumental jazzística"com sotaque brasileiro

Quando a improvisação converte-se num diálogo entre instrumentistas
Maria Camila Osório


Os olhares se entrecruzam como os sons dos instrumentos. Os três músicos instrumentistas estão ali, no bar Arquimedes conhecido por ser freqüentado pelos intelectuais. Outros quatro se encontram no café do teatro SESI Minas. Talvez os sete não se conheçam, mas o importante é a linguagem musical que deles emana.Uma linguagem que, com sotaques diferentes, quer chegar ao mesmo objetivo: dar a conhecer ainda mais em Uberaba essa cultura da música instrumental, que eles preferem não chamar propriamente de jazz.

Cada músico, no seu instrumento, e do seu jeito, vai contando um caso na hora da improvisação. É como um papo entre amigos onde cada um intervém de acordo com o seu pensamento, com seu sentimento. E neste caso, são os acordes, os ritmos e a emoção da música que faz cada improvisação única.A essência da alma permeia o sentido objetivo por meio dos matizes sonoros com beleza, equilíbrio, harmonia e natureza; sintetizando emoções numa improvisação esteticamente única, onde o sentimento do prazer faz belo o exagero dos contrapontos melódicos e reflexivos da arte própria do indivíduo. Toda essa atmosfera de diálogos melódicos fazem parte do cotidiano de Uberaba com uma maior força desde o ano 2000. Atmosfera que continua na conquista de um público maior através da difusão da cultura.

Segundo Carlos Valeriano, integrante do grupo de “jazz” Quarteto Feito Aqui, essa formação dentro deste tipo de música foi feito no bar Arquimedes, que abriu as portas à variedade cultural. Os integranteios do grupo que começaram nesse sonho de mostrar o que se estava produzindo em Uberaba na época são Carlos Valeriano, Fernando Borges, Ricardinho Moraes e Alex.A pessoa que incentivou todo o pessoal a expe­rimentar neste campo foi o saxofonista Zeca, que veio do R de Janeiro, esteve durante três anos em Uberaba e, nesse período, com­par­tilhou toda essa bagagem da música instrumental.

A estética do improviso depois do lampejo melancólico do sax junto a base sempre contínua, mas importante do baixo; dos acordes harmônicos do violão e do ritmo cadencioso da bateria, o Quarteto Feito Aqui, composto por Josué de Sousa (sax), Kelvi Balbino (bateria), Carlos Valeriano “Neca” (violão) e Daniel Amâncio (baixo) falam do jazz e da sua vivencia.

Para Carlos, no jazz o músico toca um tema e desenvolve a harmo­nia até criar outra música. Isso se co­nhece como impro­visação. Poderia se dizer que é uma com­posição sobre outra composição. Para Kelvi, a inter­pre­tação de um brasileiro nunca vai ser igual à de um ame­ricano. “É uma coisa assim, você pega um ameri­cano que toca jazz muito bem... depois você pega os caras tocando bossa-nova, tocando sa­mba... eles po­dem tocar muito bem mas eles não podem falar assim: Nós tocamos samba pra caramba perto de um brasileiro... o brasileiro nasce tocando samba ... então é questão de linguagem também. Não que não existam músicos brasileiros que não tenham o mesmo nível... mas é diferente um brasileiro tocando jazz de um americano tocando jazz... no americano é natural, é genético”. ­De uns anos para cá a cultura musical instru­mental tem crescido bastante. Até no Shopping Uberaba o público pode en­contrar música ins­tru­mental jazzís­tica bra­sileira ao vivo, de­pendendo do dia.

O Quarteto se apresentou pela primeira vez no Teatro Experimental de Uberaba (TEU) em 2007. Isto é uma prova que tanto o Quarteto como Fernando Borges Trio continuam na procura de experimentação não só na música, mas também nas formas de difundir essa música. E para eles, essa possibilidade de fazer música de qualidade com liberdade é o mais importante. “Resumindo... a gente quer é tocar independente do profissional, do econômico, a gente quer fazer um som que agrade a gente”. Disse Carlos.

Curso de Comunicação Social/Universidade de Uberaba - 2008

Fonte: http://www.revelacaoonline.uniube.br/2008/340/jazz.html

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